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Mostrando postagens de 2019

UMA NOITE DE SABEDORIA ARCANA

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Às vezes as noites na floresta são estranhas. Me recordo de que desde pequena fui ensinada a não temer nada, afinal, morar numa floresta não é algo simples como pregam as pessoas que vivem nas cidades, não durante a noite. Minha avó, uma bruxa centenária, aprendeu com suas antecessoras que não podemos ser vítimas de uma sociedade doente e crescente. Elas sabiam uma terrível verdade, pela qual muitas pagaram com suas vidas. Essa verdade, ou melhor, essa cura que elas promoviam, envolvia libertar as pessoas de seus medos. Me recordo que certa vez minha avó foi chamada às pressas, por uma pessoa que vivia no vilarejo próximo, para atender duas crianças. Ao chegar lá as crianças choravam sem parar e apontavam para um canto escuro que levava a floresta. Elas pareciam aterrorizadas e pouco ouviam o que as pessoas diziam e não se acalmavam. Minha avó pegou os dois no colo dela, pediu que a deixassem com as crianças e eu, ela disse para as crianças que agora elas tinham uma grande g

UM FEITIÇO PARA HORAS DE EMERGÊNCIA

E mergência é em essência algo que está emergindo, subindo a superfície. A palavra emergência como sinônimo de necessidade é recente, tem cerca de 200 anos desde o registro mais antigo de seu uso. Seja qual for a sua necessidade nesse momento, esse trabalho vem lhe trazer uma ferramenta para balancear seu corpo, mente e espírito.  Uma das maiores origens desse sofrimento é a confusão que fazemos entre necessidades não atendidas e desejos não realizados. Necessidades referem-se a aspectos básicos da condição humana, alimentar-se, vestir-se, ter um lugar para morar. Quando essas necessidades não são atendidas, o ser humano vive numa condição sub-humana e deve lutar, com todas as suas forças, para que essas necessidades sejam atendidas.  Desejos são revelações de nossa vontade, não são necessidades. Assim, temos o desejo de um carro novo, de um computador melhor, de um celular que nos permita fotografar ou conectar-se às redes sociais. Temos também o desejo de sermos promovidos,

O CEMITÉRIO E A ARTE DAS BRUXAS

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Algumas vezes, precisamos ver a morte para nos lembrarmos de nossa pequeneza. Basta uma rápida caminhada por entre covas para relembrarmos de nosso futuro iminente. Vez ou outra, vejo as crianças felizes correndo, uma visão do que seria o paraíso para aqueles que agora estão em sono profundo. Num lugar como esse pessoas "normais" veem a morte em tudo, mas observando com atenção, logo se nota que os pais de três crianças pedem para elas que respeitem os mortos, quase que como um pedido para que façam o mesmo no futuro por eles. As crianças, por sua vez, brincam nas árvores e correm por entre os túmulos, mas nenhuma delas vê a morte ou um espírito ali, logo voltam a brincar normalmente. Quero que entenda que todos vivemos em mundo diferentes caro peregrino. O mundo em que você vive é diferente do meu, e cada um desses mundos é único, pois apesar de encontrarmos pessoas com ideias e personalidades muito semelhantes, não quer dizer que seremos assim para sempre. Todos so

BRUXARIA, SEGREDO E MISTÉRIO

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Muitas vezes as pessoas vêm ao meu bosque curiosas com os segredos que guardo. Elas pisam em meu jardim e acreditam que estão seguras escondidas da vista da bruxa, pois elas, tal como muitos outros, acreditam que olhar nos olhos de uma bruxa é suficiente para “pegar” uma maldição, mas há também os corajosos, aqueles que ficam, entram em minha cabana e me trazem questões que carregam em seus corações.  Certa vez, um jovem rapaz bateu em minha porta trazendo uma serpente que havia abatido em meu terreno. Afoito e espantando com meu convite para entrar, ele logo postulou sua grande questão: porque nós bruxas temos tantos segredos e mistérios? E essas foram minhas palavras para ele: Como uma bruxa, uma mulher capaz de transformar palavras, ações e crenças, é importante que primeiro você compreenda que segredos podem ser expressados, mas mistérios não.  Quando eu era criança eu imagina como era andar de bicicleta, morei por muitos anos numa rua cheia de crianças e à aquela altur